quarta-feira, 28 de novembro de 2007

E o que é música?



























Texto de: Tati Gomes,
colaboração e correção de Filipe Franca

Texto apresentado na disciplina de Teorias da Comunicação
23/08/2007

E o que é música? Melodia, letra conteúdo, ritmo, animação,
entretenimento...
Diariamente fenômenos explodem de forma midiática encostados no capital da nação, pois as verdadeiras músicas não nos são ofertadas na maioria das
vezes, e a desculpa do comerciante musical é a de que ‘o povo gosta disso’,‘ isso vende mais’.Dificilmente é encontrada uma música que contenha letra com conteúdo, que realmente transmita uma mensagem de valor ao público ouvinte.
Um grande exemplo dessa aberração auditiva é o fenômeno da chamado Calypso,que se infiltrou no estado de Pernambuco.
Esta banda, oriunda do Pará, não tinha nenhuma aceitabilidade em sua terra natal, com uma incrível jogada de marketing vieram para Recife em meados de
2001, fazendo shows para um público da periferia da Região Metropolitana do Recife.Geralmente esses shows eram feitos nos finais de semanas a um
qualidade do que está sendo consumido - muitas vezes o ouvinte não tem nem ocusto de R$ 2,00 a R$ 3,00 o ingresso, atraindo assim a população de baixa renda. Motivados pelo ganho-fácil, a Banda Calypso coloca seus CDs no mercado também a baixo custo, num valor quase que padrão de R$ 10,00 e em seus shows custando apenas 5 reais.Muitos hão de falar, mas porque ser contra o brega que vemconquistando as mentes das pessoas? A resposta é simples e prática - a direito de optar se aquilo é realmente o que ele gostaria de estar ouvindo, pois a pressão do capital é muito grande fazendo com que esse tipo de música tenha espaço na mídia onde o cidadão comum, na maioria dos casos de pouca escolaridade, tenha acesso logo cedo ao ir para o trabalho dentro do ônibus, nas praças, nas ruas. E inconscientemente a mídia faz com que aquilo seja “natural” e esse público involuntário seja “coagido” a ouvir e comprar tais músicas que não apresentam conteúdo algum.
Há alguns anos um grupo musical oriundo de Salvador – BA teve um sucesso de explosão nacional, quem não lembra do Gera-Samba, que meses depois virou É o Tchan! Este grupo, assim como outros da mesma linhagemtraziam “músicas” que estourariam nas rádios de todo o país.Tanto o ritmo do tchan, como o da calypso, trazem músicas com um conteúdo pornográfico, que desvaloriza a imagem feminina perante a opiniãopública, despertando cada vez mais cedo a sexualidade nas crianças de uma forma que não contribui absolutamente em nada para a formação cultural do ser humano.A cultura deve ser trabalhada no indivíduo de forma que ele saiba valorizar o regional e o nacional. É bastante comum que uma pessoa do estado de Pernambuco não conheça artistas locais, a exemplo do Cordel do FogoEncantado, que depois de anos fazendo apresentações em diversos locais do estado, só ganhou visibilidade depois de ter gravado um DVD acústico pelaMTV (está um pouco confuso).Ps: O Cordel do fogo encantado, assim como outros artistas, faziam, e ainda fazem, mais sucesso fora do estado de Pernambuco do que dentro. Tudo isso, devido a aculturalidade dos produtores da televisão local.
Falar de música não é fácil, pois quem lê este texto vai julgar que estou sendo parcial. Digamos que até certo ponto como autora sou absolutamente parcial mas, como observadora do tema vejo que os valores da nossa terra não têm espaço e estão cada vez mais se perdendo diante de um mercado forte, que visa apenas os lucros e aos poucos faz com que percamos
nossa verdadeira identidade cultural. Não quero dizer com isso que devemos ser xenófobos a ponto de só escutar música brasileira ou pernambucana. Tento mostrar que a “poesia de encomenda” visando apenas o acumulo de capital, sem disseminar valores reais, fará com que as gerações futuras se percam neste presente obscuro e não saibam o que é música de qualidade. Algumas pessoas que se recusam a ingressar nesse sistema modal do mercado fonográfico são taxados de sofrerem a “síndrome da banda velha” que é o fato de ouvirem cantores e grupos musicais antigos.
Mas fica aqui uma reflexão: não existe música velha, existe música de qualidade.
Esta crítica não é específica a determinada banda ou grupo musical por não apresentarem qualidade na sua proposta de trabalho que é o ouvir do consumidor, mas a todos em geral que investem num colorido quase se igualando a um desfile de escola de samba, com figurinos deprimentes onde na realidade o grande público lota casas de espetáculo apenas para ver as performances de pessoas que se dizem dançarinos com coreografias agressivamente sexuais, lembrando o manual indiano de posições sexuais, o milenar e famoso Kama-sutra. A verdadeira música não foi feita para ser vista e sim apreciada.O mesmo acontece com o brega do Calypso e tantos outros do gênero.Até quando iremos suportar tamanhos absurdos que agridem nossa cultura?Até que a grande massa seja conscientizada realmente do que é cultura ou até que surja um novo “estilo musical” pior do que este? Pois a tendência é a piora porque o que é bom, infelizmente não dá dinheiro.

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